A AVG mente em sua Nota publicada na Edição 2646 do Jornal Opinião (23/01/2020) quando afirma que os esclarecimentos são “em respeito à população de Caeté”, porque a empresa nem se dignou a mencionar a Serra da Piedade em seu texto, informando que “a mina a ser recuperada” se localiza no “Morro do Brumado”, o que é uma inverdade. Desrespeitou não só os caeteenses como também mais de 300 anos de história daquela que é o símbolo oficial do município e patrimônio de Caeté, Minas Gerais e do Brasil.
Foto: Alice Okawara
A AVG mente quando afirma que seu projeto é de “recuperação ambiental”, porque a licença que demandou ao Estado de Minas Gerais é para fazer mineração a céu aberto durante 20 anos e isso consta do processo de licenciamento n° 00151/1987/015/2013.
É evidente a atitude desta empresa em fazer pouco caso da inteligência e do direito à informação da sociedade. A AVG mente quando afirma que foi “convidada a empreender todo o projeto de recuperação”, porque ao comprar a mina da antiga Brumafer assumiu o passivo ambiental e a obrigação legal de recuperar a área sabendo que é protegida por tombamentos municipal (Caeté) estadual (IEPHA) e federal (IPHAN) - que vedam atividades minerárias - e está no entorno imediato do Monumento Natural Estadual da Serra da Piedade, que traz restrições. Assim a AVG assumiu o ônus e também o risco de que sua interpretação do que significa “recuperar” não possa ser aceita pela sociedade e as autoridades que devem salvaguardar esse patrimônio.
A AVG mente também quando “reafirma seu propósito de recuperação da área dentro das normas mais modernas, ambientalmente sustentáveis, com responsabilidade social e comprometimento”. É só ler os documentos do seu projeto, como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que informam sobre os impactos à Serra da Piedade, como a supressão de cavernas e vegetação nativa preservada, altos volumes de consumo de água subterrânea e superficial, geração de estéril e rejeitos, ameaças à fauna e flora e ampliação da degradação na paisagem.
Assim, a atividade minerária pretendida pela AVG na Serra da Piedade, que ela chama de “recuperação”, vai impactar gravemente o patrimônio cultural e paisagístico, a biodiversidade, os atrativos naturais e os recursos hídricos das áreas do entorno, especialmente dos moradores e agricultores familiares da bacia do Ribeirão do Brumado.
Além disso causará danos à paisagem, aumento da poeira e de ruídos e trará riscos com movimentação de máquinas, aumento de tráfego de caminhões, desmonte de rochas, detonações e possibilidade de acidentes aos usuários da rodovia e aos turistas e romeiros que visitam o Santuário Basílica de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira de Minas Gerais, que é capaz de promover maior geração de renda e trabalho no curto, médio e longo prazos através dos projetos de turismo religioso e crescente fluxo de visitantes.
Por mais que a AVG reforce o falacioso discurso da “recuperação” utilizando rádio, TV, revistas e jornais, a verdade é somente uma: NÃO É RECUPERAÇÃO, É MINERAÇÃO E DESTRUIÇÃO DA SERRA DA PIEDADE.
Os recentes desastres-crimes e as violências da mineração em Minas Gerais mostram que as mineradoras mentem para manter seus negócios e um modelo de desenvolvimento ultrapassado e hoje não mais aceitável em nosso município, em nossa região e em nosso Estado.
É direito e dever do Caeteense e do povo de Minas Gerais proteger a Serra da Piedade, consolidar e buscar outras perspectivas de geração de renda que respeitem a natureza, que é a Nossa Casa Comum, e a manutenção da qualidade de vida para as presentes e futuras gerações. Vamos proteger a Serra da Piedade, sua belíssima paisagem, sua rica biodiversidade, seu patrimônio natural, histórico e religioso, suas águas, o Santuário-Basílica e a dignidade de Caeté e da população de Minas Gerais.
(Esta nota foi publicada no jornal Opinião de Caeté no dia 30/01/2020)